quinta-feira, 18 de junho de 2009

CRIOTERAPIA

Camila Lima, Mara Rúbia e Júnia Lara

CONCEITO: Aplicação terapêutica de qualquer sustância ao corpo que resulta em remoção de calor corporal, diminuindo assim a temperatura dos tecidos por resfriamento por condução.

A crioterapia é a utilização de frio para o tratamento do trauma agudo e da lesão subaguda para diminuir o desconforto após o recondicionamento e a reabilitação. O efeito primário do uso da crioterapia é a diminuição local na temperatura; o frio é o tratamento inicial para a maioria das condições no sistema musculoesquelético. O uso do frio para a lesão aguda é a de abaixar a temperatura na área lesionada, reduzindo a freqüência metabólica com decréscimo correspondente na produção de metabólitos e no calor metabólico. Isso ajuda o tecido lesionado a sobreviver à hipóxia e limita posterior lesão do tecido. O frio é usado para diminuir a dor e promover a vasoconstrição local, controlando a hemorragia e o edema, é recomendado na fase aguda de condições inflamatórias (bursite, tenossinovite e tendinite). O frio também reduz a dor, o espasmo muscular reflexo e as condições espásticas que o acompanham; possui efeito analgésico por diminuir a velocidade da condução nervosa, embora não a limite completamente.

Com o tratamento de gelo, o paciente geralmente relata uma desconfortável sensação de frio seguida por ferroada ou ardência, sensação de coceira, e dormência completa. O gelo é eficaz no tratamento de dor miofascial, essa é associada aos pontos-gatilho miofasciais ativos com vários sintomas, incluindo dor no movimento ativo e amplitude de movimento diminuída. Há também uma diminuição da excitabilidade das extremidades nervosas livres e das fibras nervosas periféricas com o uso do frio, aumentando o limiar da dor. As aplicações de frio podem também intensificar o controle voluntário nas condições espásticas e, em condições traumáticas agudas, diminuir os espasmos dolorosos da irritabilidade muscular local.

EFEITOS FISIOLÓGICOS: Incluem efeitos na função celular em geral, circulação (fluxo sanguíneo, edema, hemorragias), colágeno, tecido neural (dor, espasmo), músculo (velocidade e intensidade de contração, agilidade) e reparo dos tecidos.

Na circulação o gelo atua promovendo a vasoconstrição das arteríolas e vasos capilares inicialmente e posterior vasodilatação.

No edema há prevenção do seu agravamento uma vez que o frio diminui a resposta inflamatória. Com presença de:

  • Vasoconstrição;
  • Redução da permeabilidade dos vasos;
  • Diminuição dos efeitos da histamina.

Na prevenção de hemorragias ocorre:

  • Vasoconstrição e redução da permeabilidade vascular.

No colágeno acontece aumento da sua viscosidade.

No tecido neural ocorre diminuição da velocidade de condução dos nervos periféricos atuando na redução da dor, levando a:

  • Aumento do limiar de dor;
  • Diminuição da excitabilidade das terminações nervosas;
  • Diminuição do metabolismo.

Na intensidade de contração existe redução no tônus muscular com:

  • Mudanças na atividade dos fusos musculares e junções neuromusculares;
  • Redução na freqüência de disparo aferente;
  • Comprometimento na condução aferente.

ANALGESIA INDUZIDA PELA TERAPIA COM GELO

Estágio

Resposta

Tempo para o início da terapia (min)

1

Sensação de frio

0-3

2

Queimação

2-7

3

Anestesia

Redução de reflexo

Interrupção do ciclo dor-espasmo

5-12

4

Vasodilatação tecidual profunda sem aumento no metabolismo

12-15

CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS

Recurso

Modo de aplicação

Tempo

Efeitos fisiológicos

Pacotes de gel

Evolve a bolsa de gel congelada em toalha e aplica-se no local a ser tratado.

20 min

Resfriamento em quatro tempos (frio, formigamento, queimação e adormecimento) e eritema

Pacotes de gelo

Colocar o pacote no local a ser tratado comprimindo a bolsa sobre a pele com toalhas ou bandagens eláticas.

20 min

Resfriamento em quatro tempos (frio, formigamento, queimação e adormecimento) e eritema

Toalhas com gelo

Emerge toalha em mingual de flocos de gelo e água, torce e coloca no local a ser tratado.

até 20 min

Resfriamento muito superficial

Banhos frios

Colocar a parte do corpo a ser tratada em água fria ou em mistura de água e gelo.

15-20 min

Resfriamento do tecido

Sprays vaporizadores

Aplicar sobre a área o spray por meio de jatos curtos (5s cada), fazer de 3-5 jatos.

5s cada jato

Estimulação das fibras rápidas envolvidas na teoria da comporta, Redução do espasmo muscular, Inibição do fuso muscular e facilitação do OTG.

Massagem com gelo

Usar geladinhos plásticos ou cubos de gelo em pontos de disparo ou ventre muscular em movimentos circulatórios no local.

15-20 min

Resfriamento em quatro fases, eritema e analgesia

ATUAÇÃO DO GELO NA LESÃO

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INDICAÇÕES

· Traumatismos ou inflamação aguda;

· Exercícios intensos;

· Dor aguda ou crônica;

· Espasmo muscular agudo ou crônico;

· Pós-cirúrgico em geral;

· Nevralgias;

· Espasticidade por distúrbios do SNC;

· Queimaduras de 1º e 2º graus;

· Artrite reumatóide e osteoartrites.

CONTRA INDICAÇÕES

  • Doença de Raynauld (espasmo arterial);
  • Hipersensitividade ao frio (urticária);
  • Diabetes com envolvimento vascular;
  • Redução ou perda de sensibilidade;
  • Ferimentos abertos;
  • Doença vascular periférica;
  • Massagem com gelo em cima do seio carotídeo;
  • Pacientes idosos com pele frágil;
  • Crianças ou outros indivíduos com dificuldade de compreensão.

BIBLIOGRAFIA

KNIGHT, K. L. Crioterapia no tratamento de lesões esportivas. Cap. 5, p. 59-76;

KITCHEN, S.; BAZIN, S. Eletroterapia baseada em evidências. Cap. 9, p.132-136;

KNIGHT, K. L. Modalidades terapêuticas para fisioterapeutas. Cap.9, p. 189-201.

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