sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Estimulação neuromuscular por meio de correntes elétricas (NMES)

 

Ana Paula de Mendonça e Rosalina Tossige Gomes

Essa forma de estimulação elétrica é usada comumente com intensidades suficientemente altas para produzir contração muscular e pode ser aplicada ao músculo durante o movimento ou sem que esteja ocorrendo movimento funcional.

A principal diferença entre contrações musculares estimuladas eletricamente e as contrações iniciadas fisiologicamente é a ordem de recrutamento de unidades motoras. Com a estimulação elétrica, as fibras nervosas com axônios de maiores diâmetros, que inervam as maiores fibras musculares de contração rápida tipo II, são ativadas primeiro e aquelas com um menor diâmetro axonal são recrutadas depois. Em contraste, com a contração fisiológica, as menores fibras nervosas, e, portanto, as menores fibras musculares de contração lenta do tipo I, são recrutadas antes dos maiores nervos e fibras musculares.As fibras de contração rápida e maiores, que se contraem preferencialmente em resposta à estimulação elétrica, fadigam-se e se atrofiam rapidamente com o desuso, enquanto as pequenas fibras de contração lenta preferencialmente recrutadas fisiologicamente, são mais resistentes à fadiga e atrofia.

Uma implicação clínica desta diferença é que as contrações estimuladas eletricamente podem ser mais eficazes especificamente no fortalecimento dessas fibras musculares enfraquecidas pelo desuso. Entretanto,os pacientes deverão executar tanto contrações estimuladas eletricamente como as fisiológicas, se possível para potencializar o ganho de força produzido pela estimulação.

Aplicação prática:

- Preparo da pele

Antes do tratamento, a pele deve ser lavada com água e sabão ou limpa com lenço umedecido com álcool. Isso serve para remover resíduos da pele (incluindo células epiteliais mortas), suor, sujeiras e cremes. É necessário para o bom contato entre o eletrodo e a pele e assim reduzir a resistência elétrica da interface.

- Eletrodos

Tipos e fixação:

1) Eletrodos à base de polímeros: consistem em uma borracha siliconada impregnada com carbono; são reutilizáveis podendo ser cortados no tamanho apropriado e podem ser moldados à superfície da pele, desde que essa não seja muito irregular. Eles são normalmente acoplados à pele usando um gel condutor elétrico e precisam se fixados no local com segurança.

2) Eletrodos de estanho e alumínio: esses são acoplados à pele com soro fisiológico, que é normalmente retido por uma cobertura de algodão ou esponja, e são posicionados com segurança sobre o tecido.

3) Eletrodos descartáveis

4) Existem eletrodos de mão (tipo caneta) e placa. O primeiro facilita o movimento rápido do eletrodo, o que pode ser particularmente útil quando se procura o melhor ponto de estimulação. O outro é mais útil para um período de estimulação prolongada.

Tamanho

Fundamentalmente, a escolha do tamanho do eletrodo depende do tamanho do músculo a ser estimulado e da intensidade de contração a ser desencadeada.

· Eletrodos pequenos: podem ser usados para localizar o ponto de estimulação de pequenos músculos ou para aplicar um estímulo sobre o nervo que supre um músculo.

· Eletrodos grandes: são necessários para estimular músculos maiores e grupos musculares e para agir como terminais de dispersão.

Quanto mais largo o eletrodo menor é a intensidade de corrente por unidade de área; assim, eletrodos pequenos tendem a produzir contrações musculares mais fortes.

Colocação dos eletrodos

A localização dos eletrodos nos músculos pode ser determinada de diversas maneiras. Primeiro, um eletrodo primário pode ser colocado sobre “o ponto motor” de um músculo. Esse pode ser definido como o ponto na superfície da pele que permite que ocorra uma contração usando a menor energia. Em geral, o ponto motor de um músculo se localiza sobre o ventre do músculo e normalmente, mas nem sempre, na junção entre os terços superior e médio do ventre. É importante lembrar contudo, que esse pontos serve somente como guias; colocações alternativas podem ser mais efetivas assim como mais confortáveis em certos indivíduos.

Deve-se tomar o cuidado para posicioná-los na direção das fibras musculares, sendo que a distância de um eletrodo para o outro deve ser de no mínimo 5cm.

- Parâmetros de tratamento

A força de contração muscular é determinada pela amplitude, freqüência, duração e forma da onda de estimulação.

· Freqüência (unidade: Hz) = nº de pulsos por segundo (PPS)

Geralmente se utiliza a freqüência de 50Hz, podendo variar de 35Hz a 80Hz.

Obs.: Evento da Somação Temporal: É uma maneira de transmitir sinais com intensidades crescentes, aumentando a freqüência dos impulsos nervosos em cada fibra.

· Intensidade (unidade: mH) = amplitude

· Largura de pulso = tempo de passagem do pulso

· VIF

· Tempo de tratamento:Para reeducação motora é usado +- 20 min.

Para hipertrofismo o tempo off tem que ser 5x o tempo on.

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Indicações:

- Fortalecimento;

- Músculos atrofiados;

- Recuperação motora.

Contra - indicações

- Marcapasso;

- Doença vascular periférica, especialmente quando a possibilidade de deslocamentos de trombos;

- Hipertensos e Hipotensas;

- Áreas com excesso de tecido adiposo em pessoas obesas, já que essas podem necessitar de níveis elevados de estímulos, o que pode levar a alterações autonômicas;

- Tecidos neoplásicos;

- Área de infecção ativa nos tecidos;

- Pacientes incapazes de compreender a natureza da intervenção ou de dar feedback sobre o tratamento.

Além disso, o tratamento não deve ser aplicado sobre as seguintes áreas:

- Seio carotídeo;

- Região torácica, tem-se sugerido que a NMES pode interferir na função do coração;

- Nervo frênico;

- Tronco durante a gestação.

REFERÊNCIAS:

KITCHEN, S., Eletroterapia – Prática Baseada em Evidências. Capítulo 16, p.241- 255. 11ª Edição.2003.Editora Manole.

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